sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Crimes na internet

Parte 1

Parte 2




LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio

Grandes criminosos do país estão trocando armas por teclados de computador. Os crimes mais rentáveis do Brasil estão hoje no campo virtual e os lucros são mais altos que os obtidos no narcotráfico, segundo a Abeat (Associação Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia) e a PF (Polícia Federal). Sem legislação própria, condutas ilícitas na internet estão atraindo quadrilhas que antes atuavam em crimes como roubo a bancos e tráfico de drogas, segundo a PF.

Embora não haja números específicos sobre tendência, a PF e a Abeat, que se reuniram nesta terça-feira (20) no Rio para discutir o tema, se baseiam no aumento de investigações e no volume de documentos virtuais. Só as operações Hurricane (furacão) e Navalha, da PF, geraram dados com cerca de 28 mil Gbytes, enquanto a média é de menos de 1.000 Gbytes por investigação, segundo dados da PF.

Em todo o país, há hoje 140 peritos que investigam crimes na internet. Há pouco mais de dez anos, existia apenas um, de acordo com a Abeat. Só este ano, segundo a PF, os investigadores produziram 2.820 laudos de crimes com base em informações descobertas em correios eletrônicos, imagens, registros de impressão, arquivos, pendrives e discos rígidos de computadores.

"A tendência é esses crimes aumentarem, por causa das novas formas de tecnologia e a falta de legislação", afirma o perito Paulo Quitiliano, presidente da Abeat e coordenador-geral da Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos, que terá sua quinta edição em setembro no Rio. "Quadrilhas tradicionais têm migrado suas operações para a internet. Mas eles imaginam, de forma errônea, que estão no anonimato".

Instrumento

No Rio, traficantes de drogas de favelas já fazem uso de vários recursos de informática para manter atividades ilícitas, segundo o perito Luiz Carlos Serpa, da superintendência da PF no Rio. "Mesmo traficantes com aparências mais simplórias fazem uso desses meios, para compartilhar informações entre os membros das quadrilhas", afirmou.

Atualmente, porém, o crime mais rentável na internet no Brasil são os golpes praticados contra correntistas de bancos, segundo Quitiliano. O golpe consiste em roubar dados e a senha de clientes de bancos por meio de falsos emails.

"O sistema financeiro [como sites de bancos] é muito seguro, mas não 100% seguro, então os criminosos vão atacar os pontos fracos desse sistema, que são os correntistas", disse. Além desses golpes, aparecem nas investigações dos peritos da PF condutas como exploração sexual, prostituição e tráfico de informação.

Contrabando

Atualmente, a PF inicia investigação sobre a venda de produtos contrabandeados por sites brasileiros, afirmou o diretor técnico-científico da PF, o perito Paulo Roberto Fagundes. "O problema é que os sites de venda de produtos contrabandeados, porém não ilícitos, são enquadrados como crime de descaminho. Já os produtos ilícitos são difíceis de monitorar porque esses criminosos normalmente hospedam informações no que chamamos de paraísos cibernéticos, que são áreas sem dados e senhas".

Embora reconheça haver ainda poucos investigadores específicos dos crimes "cibernéticos", Fagundes disse acreditar que a aprovação de uma legislação própria consiga conter a expansão desses crimes. Atualmente, o projeto de lei para condutas ilícitas na internet tramita no Senado Federal, sem previsão de ser votado.

"Dizem que o Estado quer invadir a vida das pessoas, mas se o Estado não tem as garantias mínimas para investigar, não temos condição de proteger totalmente a população", disse Fagundes.

Para não se tornar vítima de golpe na internet, clientes de banco devem atualizar constantemente programas de antivírus e evitar abrir mensagens de correio eletrônico indesejadas ou os chamados spams, aconselhou Quintilliano.

Confira alguns crimes virtuais que viraram notícia

da Folha Online

As notícias envolvendo crimes virtuais ganharam força na imprensa brasileira em 1997. Antes disso, mesmo sem a descoberta destas práticas, o noticiário já alertava para possíveis infrações que viriam a se tornar cotidianas na internet: pirataria, pedofilia e roubo de identidade, por exemplo.

Confira alguns dos crimes que viraram notícia:

1996

Julho
A Justiça dos EUA indiciou 16 pessoas sob suspeita de terem formado uma rede de assédio sexual a menores via internet. O grupo se chamava de Clube da Orquídea e trocava conteúdo relacionado à pedofilia.

Agosto
Hackers invadiram a página da Universidade Federal do Ceará e colocaram no endereço um texto de protesto contra a Embratel. A conexão da universidade ficou fora do ar por três dias.

Setembro
Piratas virtuais da Suécia invadiram e modificaram o site da CIA na internet. Na página inicial, eles escreveram "Bem-vindo à Agência Central de Estupidez". Já a foto do então diretor da organização foi substituída pela imagem de um desconhecido.

Outubro
O Congresso dos EUA aprovou e o então presidente Bill Clinton assinou um projeto para tornar ilegal todo o uso de tecnologia de computadores para a pornografia infantil.

1997

Janeiro
Casal de alemães foi preso na cidade de Rosenheim, acusado de oferecer na internet crianças para sessões de tortura. Em mensagens divulgadas na web, eles diziam "fornecer crianças para jogos sem limites", por cerca de US$ 8.000. O casal afirmava se responsabilizar pelos corpos, caso houvesse morte.

Setembro
Uma mulher de Ohio, nos EUA, foi condenada a dois anos de prisão com direito a liberdade condicional imediata por ser "viciada em internet" e ter deixado de cuidar de seus três filhos. A acusada se chamava Sandra Hacker (por mais estranho que pareça, este foi o sobrenome divulgado) e tinha 24 anos.

Novembro
Justiça de Belo Horizonte tirou do ar uma página da internet com fotografias de crianças fazendo sexo explícito. O responsável pela página tinha, na época, 15 anos.

Pela primeira vez na história da Justiça brasileira, um homem foi condenado por praticar crimes via e-mail. Uma analista de sistemas, então com 38 anos, foi condenado a dar aulas semanais de informática durante um ano, por ter enviado mensagens ameaçadoras às jornalistas Maria Cristina Poli, na época da TV Cultura, e Barbara Gancia, colunista da Folha.

Dezembro
A Prodam (Processamento de Dados do Município de São Paulo) demitiu por justa causa um técnico em informática que teria inserido imagens não autorizadas, entre elas fotos pornográficas, no site da Secretaria da Saúde.

1998

Novembro
Reportagem publicada na Folha de S.Paulo alerta os leitores para o perigo do
"neoladrão", que arromba bancos à distância, via computadores ou telefones.

Ex-funcionário do Unibanco foi condenado a 1 ano e 8 meses de prisão, acusado de desviar o equivalente a US$ 1,5 milhão do banco.

1999

Março
Estados Unidos levam a julgamento o imigrante asiático Kingman Quon, então com 21 anos, que teria feito ameaças racistas a hispânicos via internet. O motivo das agressões seriam as supostas vantagens conferidas aos hispânicos nos EUA.

Setembro
Piratas virtuais desviaram R$ 50 mil de duas contas correntes do banco Itaú na cidade de Americana (São Paulo).

2000

Fevereiro
A Credicard S.A. teve de cancelar 900 cartões de brasileiros que fizeram compras na loja virtual norte-americana CD Universe. A empresa havia sofrido um ataque meses antes e 300 mil números de cartões foram roubados na ocasião.

Julho
Investigação do governo confirmou que um banco de dados vendido por criminosos a R$ 4.000 era da Receita Federal. Os dados --parte do imposto de renda de 11,5 milhões de brasileiros declarado em 1996-- vazaram do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).

Outubro
O ex-prefeito Paulo Maluf tornou-se o primeiro político brasileiro vítima de sabotagem digital nas eleições daquele ano. Internautas cadastrados em seu site receberam em suas caixas postais uma corrente falsa, identificada como tendo vindo do site de Maluf.

2001

Março
O empregado de um restaurante de Nova York, então com 32 anos, foi acusado de obter informações financeiras de mais de 200 empresários usando computadores de bibliotecas do Brooklyn.

Novembro
Trinta países europeus assinaram um tratado para regular o combate a crimes na internet. O documento estipulava que cada país deveria criar um centro nacional de segurança on-line, encarregado de investigar hackers e fraudes on-line, podendo repassar informações a outros países.

Policiais acusaram quatro pessoas de integrar uma quadrilha de pedofilia, que teria feito mais de 50 vítimas, garotos de 11 a 18 anos, em São Paulo. Segundo a polícia, o grupo atuava desde 1997.

2002

Julho
A polícia de MS prendeu um pirata virtual de 18 anos, acusado de invadir, usando a internet, o sistema financeiro de um banco e de manipular contas de clientes. Ele foi preso em flagrante quando navegava em uma página de acesso restrito.

Agosto
Autoridades dos EUA e da Europa prenderam 20 integrantes de uma rede internacional de pornografia infantil. Eles trocavam imagens em que crianças --muitas delas filhas e filhos dos membros do grupo-- eram sexualmente molestadas.

Novembro
Brasil ganha o título de maior "exportador" de criminalidade via internet. Os hackers brasileiros se "destacaram" pela alteração de conteúdo de home pages, roubo de identidade, fraudes de cartão de crédito, violações à propriedade intelectual (pirataria) e invasão de sites para protestos políticos.

2003

Maio
Um médico gastroenterologista do Distrito Federal foi condenado a pagar R$ 43 mil ao Fome Zero por ter enviado fotos de pedofilia pela internet. Ele havia sido flagrado em 2001, enviando fotos de crianças nuas em seu computador, no Hospital de Base de Brasília.

Agosto
Um técnico de informática, na época com 20 anos, foi preso em Curitiba sob acusação de ter roubado dados de cerca de 2.000 cartões de crédito de consumidores dos Estados Unidos, França, Bélgica e Indonésia.

Setembro
Autoridades de vários países descobriram uma das maiores redes de distribuição de pornografia infantil do mundo, envolvendo cerca de 26,5 mil usuários da internet em 166 países.

2004

Janeiro
Pela primeira vez, Brasil condena pirata virtual à prisão. O acusado, então com 19 anos, pegou seis anos e quatro meses de prisão por aplicar golpes pela internet no Brasil e nos Estados Unidos.

Março
Três homens foram presos no Ceará por construir um site falso do Banco do Brasil na internet. O objetivo era aplicar golpes contra correntistas da instituição que faziam movimentação bancária on-line.

Agosto
Nove pessoas foram presas em Santa Catarina por terem desviado R$ 5 milhões de correntistas no país. O grupo burlava o sistema de pagamento de funcionários de empresas e órgãos públicos.

Outubro
Polícia Federal prendeu quadrilha de piratas em quatro Estados brasileiros que teria movimentado R$ 240 milhões em dez meses.

2005

Março
O Ministério Público Federal de São Paulo apresentou denúncia contra um advogado de São Paulo, de 32 anos, por prática de pedofilia. As informações foram passadas a autoridades brasileiras pelo Departamento de Segurança dos EUA.

Junho
Paróquia de Santa Edwiges (a padroeira dos endividados), em São Paulo, teve R$ 18,3 mil desviados de sua conta corrente por piratas virtuais.

Julho
Polícia do Rio de Janeiro prendeu um jovem de 22 anos sob acusação de apologia às drogas no site de relacionamentos Orkut.

Outubro
Operação Pégasus, da Polícia Federal, prendeu 114 piratas virtuais em sete Estados Brasileiros. O grupo foi acusado de desviar R$ 80 milhões em 2005

Fonte video : Record News.



Hackers no brasil !






Hackers

Brasileiros são maioria

CorreioWeb


Eles compram com nossos cartões, destroem informações sigilosas de grandes empresas, divulgam imagens de crianças nuas, violam nossa correspondência, falsificam dinheiro e ameaçam vidas. E, para isso, não precisam sair da frente de um computador. Cada vez mais freqüentes, as ações de hackers preocupam o governo. A Polícia Federal (PF) acredita que em cada dez quadrilhas de hackers no mundo oito são brasileiras. A informação é baseada em estimativas do governo norte-americano e foi fornecida por Paulo Quintiliano, perito criminal em Ciência da Computação da Polícia Federal. ‘‘Recebemos cerca de oito denúncias por dia’’, alerta.

A Rede Nacional de Ensino e Pesquisas (RNP), que dá acesso à internet a mais de 200 instituições acadêmicas e contabiliza cerca de um milhão de usuários, registrou, de 1997 a 2003, mais de 14 mil ataques a sua rede. O número é insignificante perto dos dados fornecidos pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil: 34 mil ataques de janeiro a julho deste ano.

A PF acredita que a quantidade de denúncias não reflete a realidade. Isso acontece porque, quando os golpes são pequenos, as instituições bancárias optam por ressarcir os clientes em vez de registrar o caso. O temor se justifica: ‘‘Os bancos não querem passar a imagem de fragilidade. Preferem não divulgar para não perder a credibilidade’’, acredita Quintiliano.

Não existe nenhuma estimativa que indique o tamanho do prejuízo causado pelos hackers no Brasil. Contudo, no segundo semestre de 2003, somente em uma operação que recebeu o nome de Cavalo de Tróia, a PF apurou que criminosos cibernéticos causaram um rombo de R$ 100 milhões em bancos de quatro estados.
Proteção virtual

A gerente do Centro de Atendimento a Incidentes da RNP, Liliane Solha, acredita que o problema tem feito com que iniciativa privada e governo comecem a investir pesado em segurança. ‘‘Eles se deram conta de que não é custo, mas investimento’’, explica. Os valores destinados à segurança variam de acordo com o tamanho da empresa e costumam atingir cifras milionárias.

A proteção virtual não se limita aos sites das instituições bancárias. Uma das maiores dores da cabeça das empresas são os hackers contratados para fazer espionagem industrial. Há ainda casos de empresas de segurança que, para desmoralizar os concorrentes, invadem os sistemas dos clientes e, em seguida, se oferecem para sanar o problema.

Pesquisas indicam ainda que os ataques nem sempre são externos. Funcionários insatisfeitos podem se transformar em problema. Por esse motivo, as empresas têm sido orientadas a restringir o acesso dos funcionários ao menor número possível de informações.

Os casos de pedofilia pela internet também são preocupantes. Pesquisa feita em sete países da América Latina e Espanha indica que o Brasil concentra 60% dos casos. A Polícia Federal pode deflagrar nos próximos dias uma megaoperação para prender os criminosos, o nome já está definido: Operação Global. Cerca de cem pessoas poderão ser presas em mais de 15 estados.
De mau gosto

Embora tenha diminuído, a quantidade de hackers que causa estragos por diversão ainda é significativa. O Comitê Gestor da Internet no Brasil calcula que 16 mil ataques à internet este ano foram causados apenas por vírus. Os vírus não propiciam nenhum ganho financeiro ao criador, mas são encarados por alguns hackers como uma espécie de desafio. É a sensação de vencer obstáculos que leva alguns deles a invadir sites de órgãos do governo e plantar mensagens brincalhonas.

A PF acredita que tenha sido essa a motivação de hackers brasileiros que, no início do ano, invadiram o sistema do exército americano. A conduta desses criminosos é emblemática: demonstra que esse tipo de crime não tem fronteiras nem legislação que iniba sua prática. Se alguém do outro lado do mundo comete alguma fraude bancária no Brasil não será punido, mesmo que venha a ser identificado.

A questão será discutida na Primeira Conferência Internacional de Perícia em Crimes Cibernéticos que será realizada pela PF a partir da próxima segunda-feira. O evento receberá mais de 500 representantes vindos de 20 países.

Há dez dias foi preso mais um integrante de uma quadrilha de hackers identificada como a segunda maior do país. O grupo se hospedava em hotéis de luxo e instalava programas em computadores usados pelos clientes. Quem acessava sites de bancos enviava os dados digitados para o e-mail dos estelionatários. Os criminosos atuavam desde 1997 e vinham sendo investigados há seis meses pelo Ministério Público de Santa Catarina e pelas polícias civil e militar do estado. A PF quer que prisões do gênero se tornem corriqueiras.

fonte: http://noticias.correioweb.com.br/ultimas.htm?codigo=2614301

fonte : Record News